1.13. CONTROLE DO LEITE POR OPERADORES DO SECTOR LÁCTEO PARA O SEU TRANSPORTE (R.D. 1728/2007 E R.D. 752/2011)

1. PRÁTICA HABITUAL UTILIZADA

Durante o transporte dos centros de produção até aos centros lácteos, o leite pode sofrer alterações por causa da sua má qualidade de origem ou pela higiene dos equipamentos com os quais entra em contacto. O leite é um produto muito sensível quanto à degradação por agentes microbiológicos que afetam a sua qualidade e posterior transformação, podendo representar um potencial perigo para a saúde pública. Por outro lado, deve-se garantir a ausência de substância alheias, tais como antibióticos, ou adulterações da sua composição. Para isso, devem-se realizar dois tipos de controle por pessoal especializado: um no próprio produtor, antes do carregamento do leite na cisterna de transporte; e outro no centro lácteo, antes da descarga da cisterna de transporte. Por vezes, a falta de conhecimento, preparação ou dedicação, faz com que estas operações não sejam realizadas de uma forma totalmente correta, observando-se deficiências no cumprimento da vigilância na recolha e nos controles antes e depois do carregamento das cisternas nos centros lácteos.

2. DESCRIÇÃO TÉCNICA DA BOA PRÁTICA

Nos R.D. 1728/2007 e R.D. 752/2011 estabelecem-se os controles de parâmetros que se devem realizar ao leite, por um lado pela pessoa que recolhe amostras no centro de produção, e por outro, pelo técnico de qualidade do centro lácteo. Também se estabelecem as condições para a recolha, transporte e análise das amostras de leite provenientes dos tanques dos produtores e das cisternas de transporte. Esta normativa modifica e complementa o Real Decreto 217/2004 (regulação da identificação e registo dos agentes, estabelecimentos e contentores que intervêm no sector lácteo, bem como o registo dos movimentos do leite). Desta forma, completa-se o sistema de informação LETRA Q.
Os controles mencionados incluem inspeção visual do tanque de frio ou do conteúdo da cisterna, consoante o caso, controle da temperatura, das condições de limpeza do tanque e da sala onde é guardado ou da cisterna, determinação da acidez ou da estabilidade ao álcool, deteção de resíduos de antibióticos e controle das condições de transporte até ao centro lácteo das amostras de leite cru retiradas no centro de produção.
Quanto à recolha de amostras, definem-se os requisitos necessários em relação à pessoa que a efetua (pessoa vinculada ao centro lácteo), o procedimento e frequência da amostragem, bem como a etiquetagem (identificação individual) e características do laboratório para onde devem ser enviadas (registados na «base de dados Letra Q»).

Requisitos para a implementação

  • Pessoal qualificado: pessoa que recolhe as amostras no centro de produção e técnico de qualidade do centro lácteo, com formação adequada certificada.
  • Equipamentos e reativos para as análises.
  • Material para a recolha de amostras e sua conservação até chegarem ao laboratório de análises.
  • Elaboração de um Plano anual de amostragem.
  • Estabelecimento de um protocolo de não conformidades.
  • Comunicação com a Base de dados.

Vantagens

  • Garantir a qualidade higiénico-sanitária do leite.
  • Aumentar e garantir a qualidade do produto transformado.
  • Evitar contaminações por mistura com produções de baixa qualidade.
  • Redução dos custos de eliminação de resíduos e/ou custos de depuração.
  • Pagamento por qualidade ao produtor.

Inconvenientes

  • Custos de pessoal, formação, equipamentos, material, reativos, laboratórios de análises, etc.

3. BENCHMARKING (vantagens comparativas)

Vantagens comparativas económicas

  • A realização de controles do leite no centro de produção e nos centros lácteos representa uma maior segurança e um incremento dos lucros económicos. Em primeiro lugar, porque se evitam contaminações com leites defeituosos que obriguem a eliminar a totalidade do produto e reduz-se o risco de problemas de saúde pública. Por outro lado, estes controles prévios permitem ajustar o pagamento à qualidade da matéria-prima.

Vantagens comparativas ambientais

  • Reduz a quantidade de resíduos produzidos.
  • Menor consumo de recursos (energia, água, etc.).

Vantagens comparativas sociais

  • Maior segurança alimentar.
  • Aumento da qualidade da matéria-prima e, portanto, do produto.
  • Cria emprego e melhora a economia.
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