4.11. PROCEDIMENTOS DE EMBALAMENTO DO AZEITE VIRGEM QUE GARANTAM A CONSERVAÇÃO DO PRODUTO DURANTE A SUA VIDA ÚTIL

1. PRÁTICA HABITUAL UTILIZADA

A qualidade do azeite nasce na oliveira. Portanto, é possível afirmar que na qualidade de um azeite influem um conjunto de fatores, ais como ambientais, genéticos e agronómicos ou produtivos que configuram as próprias características e qualidade da azeitona. Mas é a partir da elaboração, durante o armazenamento e embalamento que é preciso manter as características do azeite produzido, sem deixar que este perca as suas propriedades.

Ao escolher um recipiente para embalar o azeite, deve-se considerar três fatores:

  • Impermeabilidade à gordura.
  • Impermeabilidade aos gases.
  • Proteção contra a luz.

Segundo as normas do COI (Conselho Oleícola Internacional), os azeites que se destinem ao comércio, devem ser embalados em recipientes que garantam as normas de higiene alimentar. Estes recipientes devem ser:

  • Depósitos contentores ou tinas que permitam o transporte a granel do azeite.
  • Barris metálicos em boas condições, hermeticamente fechados e recobertos interiormente com um revestimento adequado.
  • Frascos litografados, novos, hermeticamente fechados e recobertos interiormente com um revestimento adequado.
  • Garrafões e garrafas de vidro elaborados com materiais macromoleculares adequados.

Para que o azeite embalado não sofra deterioração, devemos ter em conta uma série de pontos:

  • Proteção contra fontes de calor.
  • Proteção da luz.
  • Oxigénio presente no espaço superior do recipiente e o dissolvido no azeite.
  • O tempo entre o embalamento e o consumo, que deve ser mínimo.
  • Embalar os recipientes protegidos da luz e da temperatura exterior.

Por vezes, embora em muito poucos casos, a linha de embalagem pode constar de um equipamento para a desoxigenação do azeite, devido ao facto de que o oxigénio presente, tanto no espaço superior como dissolvido no mesmo, é o principal responsável pela deterioração do azeite embalado. Deste modo, este equipamento injeta um gás inerte ao azeite, principalmente o nitrogénio, que substitui o ar ou o enriquece em detrimento do oxigénio, antes de ser engarrafado.

2. DESCRIÇÃO TÉCNICA DA BOA PRÁTICA

Propõe-se, para poder estabelecer o referido processo, levar a cabo as seguintes atuações:

a) Embalamento de azeite virgem pronto para a sua expedição, na embalagem mais apropriada ao seu destino final. Desta forma, pode-se fazer uso de diferentes tipologias de embalagens, em função da rotação do produto. Estudos recentes demonstram que, para armazenamentos prolongados, o sistema bag-in-box é o mais adequado.

A embalagem bag-in-box é composta por dois elementos:

  • Saco

O saco, fechado e hermético, tem como finalidade conter e proteger o produto até ao momento da sua utilização. São fabricados em função do produto a ser embalado e o modo de consumo do mesmo, podendo escolher materiais de alta, média ou baixa barreira, e capacidades de 3, 5, 10, 15, 20, 24, 200 e 1000 litros.
Consiste num saco duplo de material plástico formado por um saco interior de polietileno e um saco exterior multicamada, podendo esta incluir alguma camada que confira propriedades barreira, como é o caso de lâminas metalizadas de PET, PVCD, EVA ou EVOH.
Ao selecionar um material para a construção do saco, deve-se considerar fatores críticos, como a resistência, flexibilidade e permeabilidade.
Ao ser constituído por material flexível, o saco reduz o seu tamanho à medida que a embalagem se esvazia, evitando assim o contacto do produto com o ar.

  • Válvula de descarga

A válvula permite o esvaziamento do saco. Existem vários tipos de válvulas, totalmente herméticas, que se adaptam ao tipo de produto a embalar e ao modo de esvaziamento. Estas válvulas encontram-se no interior da caixa até à primeira utilização, de modo que não podem ser acionadas de maneira acidental, nem sofrer danos durante o seu transporte ou armazenamento.
Existem três tipos fundamentais de válvulas de descarga, embora a torneira giratória seja a que apresenta mais vantagens. Esta válvula é cómoda, segura e simples, de alta estanqueidade e barreira ao oxigénio, não goteja e é económica.
O BIB tem as seguintes características:

  • Armazenamento simples e económico devido ao reduzido espaço que as embalagens vazias ocupam.
  • Peso e tamanho reduzidos, em comparação com outros materiais de embalagem, como o vidro.
  • Longa duração do conteúdo. Não permite a entrada de ar ao esvaziar, portanto, pode ser armazenado uma vez aberto.
  • Sistema económico.
  • Menor volume de detritos: diminui o impacto ambiental.
  • Máxima higiene: embalagens de um só uso.
  • Seguros: embalagens à prova de pancadas.
  • Publicidade: é possível personalizar a embalagem.
  • Cómodos e versáteis: múltiplos tamanhos e formatos, para cada aplicação.

b) Embalamento de azeite virgem em embalagens com atmosferas protetoras.

Nos casos em que o embalamento de azeite for feito em embalagens metálicas, de vidro ou plástico, quando não houver vácuo, poder-se-á utilizar uma atmosfera protetora para evitar a oxidação do azeite no espaço superior.
A aplicação destas atmosferas será feita através de gás nitrogénio líquido, por adição de certa quantidade desta substância sobre a superfície de enchimento e posterior fecho hermético. A evaporação do gás, ao entrar em contacto com o azeite, provocará a substituição do ar do espaço superior pelo gás evaporado.

Requisitos para a implementação

  • Para a sua adaptação a nível industrial seria necessário ter em conta o tipo de embalagem e produto. Ao selecionar os materiais de embalagem, deve-se ter em conta diferentes fatores, como o tempo de embalagem, propriedades de barreira que são necessárias, resistência mecânica e selagem integral.

Vantagens

  • Mantém as propriedades organoléticas do azeite durante todo o seu período de conservação. Os gases de embalamento protegem o produto em relação à oxidação e outras alterações químicas e enzimáticas. Também atuam sobre a possível proliferação microbiana.
  • Maior eficácia na cadeia de abastecimento, pois permite que as empresas de processamento de alimentos, fabricantes, distribuidores e retalhistas tenham um melhor controle sobre a qualidade, disponibilidade e custos dos produtos.
  • Transporte e armazenamento mais higiénicos.

Inconvenientes

  • A necessidade de desenhar uma atmosfera adequada às características do alimento, selecionando o gás ou gases mais apropriados à concentração de maior eficácia. Para isso, deve-se conhecer a composição química do produto. É necessário fazer um estado pormenorizado sobre o tipo de embalagem e o produto a embalar antes de ser lançado no mercado.
  • A necessidade de pessoal qualificado para o manuseamento da maquinaria de embalamento.
  • A aquisição dos equipamentos e sistemas de controle correspondentes representa um investimento inicial elevado.

3. BENCHMARKING (vantagens comparativas)

Vantagens comparativas económicas

  • Permite abrir novos mercados e simplifica a logística de abastecimento, o que se repercute num claro incremento das vendas e lucros.
  • Novas oportunidades de venda de novos produtos.
  • Simplifica toda a cadeia de abastecimento, pode-se reduzir o número de entregas e aumentar a distribuição geográfica.

Vantagens comparativas ambientais

  • A vantagem dos plásticos para a sua aplicação em embalagens não se limita só à sua versatilidade e prestações técnicas, mas também a que estes materiais podem contribuir para melhorar a sustentabilidade das embalagens.
  • Os materiais plásticos permitem reduzir o peso das embalagens, reduzindo os custos ambientais e económicos do transporte.
  • As embalagens ligeiras também permitem reduzir a quantidade de resíduos produzidos, evitando os impactos ambientais dos correspondentes tratamentos de valorização ou eliminação.
  • As embalagens plásticas para alimentos também têm umas propriedades barreira que permitem proteger e conservar os alimentos durante mais tempo, de modo que também contribuem para reduzir os desperdícios de alimentos e de materiais de embalagem.

Vantagens comparativas sociais

  • A crescente preocupação por um estilo de vida saudável, que inclua na dieta alimentos frescos e naturais, de prolongada conservação,e que ofereçam as suficientes garantias sanitárias com a menor quantidade de aditivos possíveis, favoreceria o consumo destes produtos.
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