4.2. CLASSIFICAÇÃO E SEPARAÇÃO POR LOTES DOSCARREGAMENTOS DE AZEITONA QUE ENTRAM NUM LAGAR, ANTES DA SUA ELABORAÇÃO. ESTABELECIMENTO DE QUALIDADES EM FUNÇÃO DO ESTADO SANITÁRIO, ÍNDICE DE MATURAÇÃO, VARIEDADE OU PROVENIÊNCIA (SOLO, AR)

1. PRÁTICA HABITUAL UTILIZADA

A qualidade de um azeite virgem é determinada tanto pela composição físico-química, como pelas suas características organoléticas. Mas também é determinada, em grande medida, pela matéria-prima de partida: sem uma matéria-prima ótima nunca poderemos obter um azeite virgem de qualidade.

Atualmente, nos centros recetores de azeitona, produz-se a mistura de todas as entradas de matéria-prima, o que provoca que entre carregamentos de azeitona de pior qualidade não se possa atuar de forma diligente para a correta separação destes lotes, que passam a formar parte do processo produtivo, com a consequente descida de qualidade do azeite obtido.

Mas também acontece que lotes de matéria-prima de excelente qualidade, com um grande potencial para conseguir AOV de máxima qualidade, sejam destinados a formar parte do processo de elaboração com outros de menor qualidade, o que se traduz numa perda de qualidade.

As misturas anteriormente mencionadas estão relacionadas não só com as misturas por estado sanitário, mas também com o índice de maturação ou com a variedade da azeitona. De forma análoga, misturam-se lotes provenientes de recoleções de solo e do ar, com as consequentes perdas de qualidade da matéria-prima de partida.

2. DESCRIÇÃO TÉCNICA DA BOA PRÁTICA

A determinação da qualidade do azeite obtido dos lotes produzidos na empresa num curto prazo de tempo permitirá tomar decisões rápidas sobre a sua receção e processamento. Devem ser técnicas rápidas e simples, que permitam levar a cabo a referida separação por lotes, realizar elaborações diferenciadas, para conseguir obter um AOV da maior qualidade/quantidade possível.

Desta forma, deve-se proceder à receção da azeitona de forma diferenciada. Cada lote recebido será submetido a um controle do seu estado sanitário, índice de maturação e variedade. Os lotes estabelecidos desta maneira serão armazenados e submetidos a amostragem de uma quantidade determinada, obtendo-se assim amostras que serão submetidas à extração de azeite para, em função da sua qualidade, serem processadas em conjunto ou em separado.

Os controles a realizar serão:
1.- Em Azeitona:
a. Determinação da variedade (se for possível)
b. Determinação do índice de maturação
c. Determinação do estado sanitário
2.- Em pasta de azeitona:
a. Rendimento em gordura
b. Humidade
3.- Em azeite obtido:
a. Análise organolética
b. Determinação de acidez

No caso das determinações cujos métodos oficiais são longos e enfadonhos, como a de rendimento em gordura e humidade, pode-se utilizar equipamentos NIRS, que permitem a determinação rápida de parâmetros físico-químicos, como os mencionados. Desta forma, pode-se dispor da informação necessária para classificar os lotes de azeitona que entrem no lagar em função de uns parâmetros de qualidade mínimos, garantindo a qualidade, a priori, do azeite que se venha a obter posteriormente. Também pode orientar na tomada de decisões sobre o destino final dos azeites produzidos.

Requisitos para a implementação

  • Estabelecimento das especificações de aceitação da matéria-prima.
  • Laboratório e equipamentos: espaço habilitado na indústria e equipamento básico (pHmetro, bureta, estufa, etc.). Equipamento Abencor. Equipamento NIRS.
  • Custos de reativos químicos (soda para avaliações, tampões de pHmetro, álcool, etc.).
  • Pessoal qualificado.

Vantagens

  • Maior controle e conhecimento das características da azeitona, azeite, bagaço de azeitona.
  • Capacidade de modificação e controle sobre o processo de elaboração e orientação para a otimização.
  • Maior capacidade de decisão sobre o destino da matéria-prima e produto final.
  • Garantir e manter a qualidade de azeitonas e azeite.
  • Garante e incrementa a qualidade do produto, evitando perdas de qualidade.
  • Maior conhecimento e controle sobre a qualidade, rentabilidade.
  • Produção de azeites de qualidade ótima para cada lote.
  • Diferenciação de qualidade desde o princípio.
  • Evitar alterações e defeitos no produto final, reduzindo os custos do processamento de produtos afinal não conformes.

Inconvenientes

  • A variabilidade existente, atendendo a variedades, estados de maturação, situações agronómicas diferentes e manuseamentos prévios à entrada no lagar, que provocam variações e situações de partida muito diferentes em qualidade de azeitona e tratamento a realizar em processo de elaboração.

3. BENCHMARKING (vantagens comparativas)

Vantagens comparativas económicas

  • Maior conhecimento do valor da matéria-prima e produtos a obter, em relação a quantidade e qualidade.
  • Maior produto de qualidade.
  • Maior quantidade de produto.
  • Qualidade mais padronizada.
  • Menor incidência de imprevistos, de alterações de destino, retirada de produtos.
  • Otimização de custos.

Vantagens comparativas sociais

  • Maior organização e aproveitamento da produção.
  • Maior segurança alimentar.
  • Aumento da qualidade do produto.
  • Maior satisfação das demandas específicas dos mercados.
  • Maior diferenciação de produto e qualidades e poder ajustá-lo às exigências dos consumidores,
  • Maiores possibilidades de comercialização e de aumento do valor acrescentado do produto final.
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