4.9. CARACTERIZAÇÃO DE AZEITE VIRGEM

1. PRÁTICA HABITUAL UTILIZADA

Apesar da importância do conhecimento das características físico-químicas e organoléticas dos azeites produzidos antes da sua comercialização, ainda é frequente a saída de lotes de azeite elaborados nas indústrias oleícolas sem um exame mínimo destas características. Normalmente vendidos a granel, por vezes com a pressa de fechar comercialmente lotes, por limitações na capacidade de armazenamento, por desconhecimento do possível potencial, etc.

A produção de azeite virgem de qualidade para destinos diferenciados requer um conhecimento exaustivo das suas características, de forma que além de garantir o cumprimento da normativa para o poder classificar como azeite virgem, se determinem outras características que lhe conferem as peculiaridades que se possam destacar e defender em relação a esses destinos comerciais mais diferenciados.

A qualidade do azeite nasce na oliveira. Portanto, é possível afirmar que na qualidade de um azeite influem um conjunto de fatores tanto ambientais, genéticos e agronómicos ou produtivos que configuram a própria característica e qualidade da azeitona. E a partir desse momento, as operações prévias como a recoleção e o transporte, juntamente com os fatores do processo de elaboração, são os que incidem na deterioração ou simples manutenção dessa qualidade. No processo em si de elaboração diferenciam-se os fatores que incidem diretamente no manuseamento do fruto à sua chegada ao lagar, o processo de extração do azeite do resto de componentes do fruto e por último o armazenamento e manuseamento do azeite elaborado.

Portanto, é importante estabelecer as condições do processo de elaboração mais adequadas, com base nas possibilidades que a azeitona apresenta ou não, quanto a quantidade e qualidade, e assim determinar o destino final comercial de cada lote de azeite.

Porém, ainda é frequente encontrar como prática habitual no sector, não ter estas variáveis estabelecidas ou determinadas, ou efetuá-las de forma incorreta. Desta forma encontramos recoleções e transporte de azeitonas provenientes do solo ou danificadas por pragas e/ou doenças misturadas com azeitonas apanhadas da árvore e saudáveis; manuseamento inadequado da azeitona ao entrar no lagar, por não existir classificação por tipo de azeitonas, por qualidade, ou existir armazenamento excessivo com a consequente perda de qualidade. Já na própria elaboração, a deterioração do azeite também é provocada pelo inadequado conhecimento e controle em moenda, batedura, sobretudo em temperaturas e tempos de batedura, bem como na separação de fases ou gestão dos azeites prévios e posterior ao armazenamento em depósitos.

A consequência mais direta é a falta de controle do produto obtido, que apresenta características de forma imprevisível, ligadas principalmente com a perda de qualidade e quantidade.

2. DESCRIÇÃO TÉCNICA DA BOA PRÁTICA

Avaliação da qualidade e classificação de lotes de azeite, através de um conjunto de determinações orientadas para conhecer as características de qualidade do azeite como: análise de acidez, IP, K270, ésteres etílicos e organolético; assim como as características de pureza para o poder classificar como azeite virgem de acordo com o estabelecido pela norma UE, entre outros, perfil de ácidos gordos, triglicéridos, esteróis, etc. Além disso, o conhecimento mais profundo de algumas características possibilita a defesa destes azeites pelas peculiaridades que se podem destacar, tais como estabilidade, perfil de compostos fenólicos, composição em voláteis, tocoferóis ou outros determinados compostos antioxidantes.

Com base nos resultados obtidos a partir dos dados do processo de elaboração e qualidade do azeite, será possível estabelecer uma classificação em depósitos, de acordo com o destino comercial de cada lote.

Requisitos para a implementação

É necessário contar e estabelecer:

  • Equipamentos de medição de temperatura,caudal, etc., no processo de elaboração lagar.
  • Elementos de controle e automatização. Implantação no processo.
  • Programa informático de automatização.
  • Equipamento NIR.
  • Procedimento de Processo de elaboração de azeite.
  • Laboratório de análises de amostras de azeitonas e azeite (espaço habilitado, métodos de análise, equipamentos necessários, consumíveis, etc.).
  • Pessoal qualificado.
  • Sistema de Qualidade ou BPL.

Vantagens

  • Maior controle e conhecimento das características da azeitona, azeite, bagaço de azeitona.
  • Capacidade de modificação e controle sobre o processo de elaboração e orientação para a otimização.
  • Maior capacidade de decisão sobre o destino da matéria-prima e produto final.
  • Garantir e manter a qualidade de azeitonas e azeite.
  • Garante e incrementa a qualidade do produto, evitando perdas de qualidade.
  • Maior conhecimento e controle sobre a qualidade, rentabilidade.

Inconvenientes

  • A variabilidade existente, atendendo a variedades, estados de maturação, situações agronómicas diferentes e manuseamentos prévios à entrada no lagar, que provocam variações e situações de partida muito diferentes em qualidade de azeitona e tratamento a realizar em processo de elaboração.

3. BENCHMARKING (vantagens comparativas)

Vantagens comparativas económicas

  • Maior conhecimento do valor da matéria-prima e produtos a obter, em relação a quantidade e qualidade.
  • Maior produto de qualidade.
  • Maior quantidade de produto.
  • Qualidade mais padronizada.
  • Menor incidência de imprevistos, de alterações de destino, retirada de produtos.
  • Otimização de custos.

Vantagens comparativas sociais

  • Maior organização e aproveitamento da produção.
  • Maior segurança alimentar.
  • Aumento da qualidade do produto.
  • Maior satisfação das demandas específicas dos mercados.
  • Maior diferenciação de produto e qualidades e poder ajustá-lo às exigências dos consumidores,
  • Maiores possibilidades de comercialização e de aumento do valor acrescentado do produto final.
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